O texto a seguir foi produzido pelos estudantes do 1º ano E do EREM Carlos Rios com auxilio e parceria dos alunos bolsistas Diego Chacon e Raul G. M. Silva e da professora supervisora Ana Paula, para o projeto do Gênero Conto e foi resultado da primeira intervenção feita com a turma durante o projeto do PIBID.
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Um casamento muito louco
Num pequeno vilarejo, tão, tão distante no Sertão vivia uma jovem moça, que tinha o sonho de se casar com o amor de sua vida, o nome dela era Lucinda e era filha de um poderoso Coronel dono de muitas e muitas terras.
Para imensa alegria de Lucinda, ela havia há muito tempo atrás, sido prometida a Fabiano, filho de um político local e grande amigo de seu pai. O rapaz fora estudar Direito na capital, mas acabara se tornando um grande e famoso jogador de futebol da Seleção Brasileira. Lucinda era perdidamente apaixonada por ele e contava os dias para o dia do casamento.
Os anos se passaram e o Grande Dia finalmente iria chegar, em apenas 24h ela pertenceria ao amor da sua vida para todo o sempre. Lucinda feliz da vida, viajou com a mãe, Dona Firmina e o pai, Coronel Teotônio, para a capital onde iria finalmente comprar o vestido de noiva.
— Vou escolher o mais lindo de todos! — dizia ela durante a viagem para a mãe. — Vou ser a noiva mais linda desse mundo todo!
— Vá com calma, minha filha, vamos ver primeiro quanto isso vai me custar — dizia o pai todo preocupado.
— Teotônio, deixe de ser pão duro. Vamos escolher o melhor vestido para o casamento da nossa filha — dizia a mãe num tom apaziguador.
Eles andaram por quase todas as lojas de noivas da capital, com Lucinda sorridente e cantando sem parar de tanta felicidade. Finalmente ela encontrou o vestido e feliz da vida fez seu pai comprá-lo, mesmo a contra gosto, pois segundo o Coronel o vestido era caro demais.
Enquanto Lucinda e os pais passeavam pela capital em busca do vestido de casamento perfeito. Fabiano treinava na concentração da Seleção para a grande Final da Copa do Mundo do Brasil, ou pelo menos tentava treinar. A verdade era que só conseguia pensar em Lucinda e no casamento do dia seguinte e por isso olhava perdido os companheiros de time treinarem no campo de Futebol, enquanto pensava no amor de sua vida, que casaria com ele daqui a apenas algumas horas. Enquanto pensava nela o técnico o trouxe de volta à terra gritando:
— Vamos lá Fabiano, vamos lá! A final da copa está chegando e temos que vencer!
Fabiano não esperou ele dizer de novo e saiu correndo com os demais jogadores em volta do campo. Enquanto corria seu grande amigo e padrinho de casamento, Luciano, se aproximou e disse:
— No mundo da lua meu amigo?
— Pensando em Lucinda, meu amigo! Amanhã estaremos juntos felizes para sempre! — responde Fabiano ainda correndo.
Nesse instante, porém soa um apito e os jogadores param de correr, o técnico vem se aproximando, escrevendo alguma coisa em sua prancheta e resmungando de si para si. Os jogadores pararam em linha indiana e aguardam que ele chegasse até eles. Ainda encarando, carrancudo, a prancheta o técnico para finalmente diante deles e diz:
— Acabei de ser comunicado de uma coisa. A FIFA achou melhor antecipar a final da Copa do Mundo para amanhã.
Ao ouvir aquilo Fabiano sente o estomago afundar. Não podia, ser! Aquilo não podia estar acontecendo! Não com ele!
— Mas senhor amanhã? Tem certeza? — pergunta ele desesperado.
— Sim Fabiano amanhã! Alguma coisa contra? — fala o técnico mal humorado.
— É que amanhã é meu casamento, técnico! Não poderei comparecer ao jogo…
Ao ouvir aquilo o técnico bate o dedo no peito de Fabiano e o interrompe dizendo:
— Não quero nem saber! Você não é doido de querer se casar amanhã, se case na semana que vem, amanhã vai ser a final da Copa do Mundo do Brasil e isso é mais importante que qualquer coisa, até mesmo um casamento, mesmo que seja o seu casamento! Se você não aparecer para jogar amanhã, pode dar adeus a sua carreira.
E ao dizer isso ele se virou em direção aos vestiários e saiu escrevendo na prancheta e resmungando sobre a falta de compromisso dos jogadores.
Lucinda e os pais voltaram para o hotel no final daquele dia. Ela toda alegre, fez questão de vestir o vestido e desfilar pelo quarto feliz da vida. Seu pai resolvera ir até o bar para esquecer o dinheiro que gastara com o vestido e a mãe, depois de muito conversar com a filha, retirou-se para o seu quarto. Lucinda trocou de roupas e guardou o vestido na caixa com todo o carinho e amor do mundo e depois foi para a varanda de onde podia ver o Hall de Entrada do hotel, para esperar o amor de sua vida, que dissera que viria visitá-la aquela noite.
Na hora marcada eis que chega Fabiano, seu elegante jogador de futebol, jogador da Seleção Brasileira. Os dois se abraçaram, se beijaram e trocaram juras de amor. Lucinda só falava sobre o quanto o amava e que não via a hora de os dois estarem juntos para sempre. E enquanto ela contava sobre os preparativos feitos pelo pai para o casamento dali há algumas horas o estomago de Fabiano foi afundando ainda mais, até que ele não mais aguentou guardar suas preocupações e disse de supetão:
— Não poderemos nos casar amanhã!
— Mas o que estas dizendo, meu amor? — pergunta Lucinda assustada ficando de pé de um salto.
Fabiano se levanta e começa a andar de um lado para o outro diante do sofá, com as mãos na cabeça assanhando os cabelos.
— A final da Copa do Mundo foi antecipada para amanhã! Os jornais só falam disso, você não viu?
— Não! — disse ela. — Mas e o nosso casamento?
— Vamos ter que adiar, querida! O técnico não quis me dispensar, já tentei de tudo e…
— Você ficou maluco! Meu pai vai lhe matar se você vier com uma história dessas!
— Mas Lucinda — disse ele se aproximando dando-lhe um beijo na testa e segurando o rosto da noiva com as mãos —, você tem que tentar convencê-lo! Só você pode fazer isso, se eu não for ao jogo amanhã o técnico disse que minha carreira estará acabada para sempre e não posso deixar o time na mão, não posso, por que também é meu sonho jogar numa Copa do Mundo e numa Copa do Mundo aqui no Brasil nem se fala.
Lucinda o encarou nos olhos magoada, não podia acreditar no que ouvia. Ela o afastou com um empurrão e disse:
— Nunca pensei que ouviria isso de você! Pensei que seu sonho fosse se casar comigo! E você está querendo me trocar por um time de futebol!?
Fabiano desesperado e sem saber o que dizer acaba falando a primeira coisa lhe veio a mente:
— Mas é a final da Copa do Mundo do Brasil!
— Podia ser a final da Copa das Galáxias! Não quero saber, você vai casar comigo amanhã!
— Mas Lucinda…
— Muito bem então! Não precisa mais aparecer, pode ir embora atrás do seu time de futebol, e seja feliz com eles!
E com as lagrimas correndo pelo rosto, Lucinda correu para o banheiro e se trancou. Desesperado Fabiano foi até a porta ergueu a mão, pensou melhor e desistiu. Triste e de coração partido ele saiu do quarto, pensando que perdera para sempre o amor de sua vida.
Triste e desiludida, Lucinda conta para sua mãe o que acontecera. A mãe furiosa chama o marido que fica ainda mais furioso. O coronel jura Fabiano de morte se ele não casar com a filha no dia seguinte e parte atrás do jogador armado com sua antiga espingarda de caça.
Fabiano havia ido para o último treino antes da partida e contava aos colegas de time sua desilusão. Tinha certeza de que perdera Lucinda para sempre e aquilo o consumia por dentro. Enquanto era consolado por seu amigo Luciano, eis que entra o Coronel Teotônio atirando para todo lado dentro do campo.
Imediatamente todos os jogadores se jogam no chão desesperados.
— Mas o que está acontecendo? — perguntou o técnico, correndo dos vestiários em direção ao campo onde os jogadores estavam deitados de cara na grama.
— Coronel! — exclamou Fabiano. — O que o senhor veio fazer aqui?
— Você seu jogador de araque, você vai casar com a minha filha amanhã nem que seja a última coisa que faça na sua vida!
— Coronel isso é tudo o que eu mais quero no mundo!
— E por que você disse a ela que não queria mais casar? — vociferou o Coronel apontando a espingarda para o jogador.
— Eu não disse isso! Eu quero me casar com ela! Mas não posso… não amanhã… só queria adiar para o dia seguinte.
— Para o dia seguinte? De jeito nenhum! Já está tudo certo, tudo foi arranjado. Você vai casar com ela de todo jeito amanhã!
— Mas a culpa não é minha, Coronel! Não poderei me casar com ela amanhã…
— E de quem é a culpa, afinal?
— Dele! — disse Fabiano apontado para o técnico.
Bufando como um boi furioso o Coronel se virou para o técnico e apontou-lhe a espingarda gritando:
— E o que é que você tem contra a minha filha, ein?
— N-nada, senhor! — gaguejou o técnico desesperado erguendo as mãos pro céu. — É que a final da Copa do Mundo vai ser amanhã, e não posso dispensar o Fabiano, senão o time ficaria desfalcado.
— E eu quero lá saber de jogo nenhum! — esbravejou o Coronel. — Esse jogadorzinho vai ser liberado para casar com a minha filha, caso contrário não fica um jogador vivo nessa Seleção para jogar amanhã!
O técnico, nervoso e vendo que nada podia fazer disse por fim:
— Que seja! Ele está liberado, senhor Coronel! Eu darei um jeito!
— Assim espero!
Sem mais nada dizer, o Coronel baixou a espingarda e foi-se embora contar a filha que o problema fora resolvido. E Lucinda, voltou a ser a noiva mais feliz do mundo ao saber que seu amor ainda a amava também.
No dia seguinte a igreja estava lotada. Tudo estava maravilhoso e de acordo com os pedidos da noiva e de sua mãe, que estavam na sacristia prontas para a grande entrada. No entanto, nada do noivo aparecer. A felicidade de Lucinda se extinguia a cada hora. Onde estaria Fabiano?
Depois de uma longa espera durante a qual o padre ameaçou ir embora e o Coronel o ameaçou de morte com a espingarda, elas duas decidiram ir esperar o noivo no altar. E pela primeira vez na história a noiva ficou à espera do futuro marido diante do altar com as madrinhas. Finalmente, um finalmente muito demorado, as portas da igreja se abriram e Fabiano, Luciano, o técnico e os outros jogadores apareceram.
— Desculpem o atraso! — disse ele correndo em direção a noiva. — Nós vencemos! O Brasil venceu! Agora vamos logo com esse casamento que não agüento mais um dia longe de você meu amor! Razão de minha existência.
E ao por do sol e com o país inteiro comemorando nas ruas Lucinda e Fabiano fizeram seus votos e depois de uma festança que durou três dias e três noites eles foram felizes para sempre.
Diego Ronald Chacon, Raul G. M. Silva & Alunos do 1º ano E do EREM Carlos Rios.
Profª. Sup. Ana Paula.
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