O texto abaixo foi escrito pelo aluno bolsista Raul Guilherme do grupo da professora Josigleide Lima, cujo projeto está sendo realizado no EREM Carlos Rios. Ele reflete um pouco sobre o ensino de português nas escolas e sua associação com o hábito da leitura, tomando por base as experiências que já teve em sala com o PIBID e os estágios de prática pedagógica vivenciados no decorrer do curso de letras da AESA-CESA.
Dizem que o Português é uma língua difícil de ser aprendida e isso é, de fato, verdade. Nossa língua, assim como o Espanhol e o Italiano, vêm primeiramente do latim e tem passado por grandes transformações ao longo dos séculos. Porém as dificuldades que nós, usuários da língua, encontramos para falá-la ou escrevê-la vão além da sua complexidade estrutural.
Muitas pessoas, estudantes principalmente, reclamam que não conseguem aprender português, que não conseguem escrever por que existem muitas regras e também que não falam bem por que não compreendem a gramática. Tudo isso, porém, não é uma verdade absoluta e vai muito além dessas e de outras reclamações.
Do ponto de vista da linguística, não existe uma fala errada, mas sim variantes da língua. Nesse sentido ninguém fala melhor ou pior do que ninguém e a escola não pode desconsiderar o modo de falar do aluno. Contudo cabe a escola, além disso, também ensiná-lo a norma padrão e lhe mostrar que existem várias situações e lugares e consequentemente várias formas de adequação da fala das quais ele pode se utilizar.
Entretanto afirmar que alguém não escreve ou fala bem por que não conhece a regra não é um ponto de vista universal. Falar bem é algo que independente da regra, afinal existem muitas pessoas que mal conhecem a gramática e falam eximiamente e outras tantas que apesar de conhecerem a gramática falam de formas que divergem das regras que a mesma fornece. Mesmo o ato de escrever não depende exclusivamente do conhecimento que a pessoa tem da gramática.
Na realidade os problemas de fala e escrita em nosso país têm vários motivos, desde sociais até políticos. Porém o maior deles está atrelado a falta do hábito de leitura que a grande maioria dos brasileiros insistem em cultivar.
Muitos podem até dizer que a leitura é algo que pertence as classes mais ricas e que um livro é algo inacessível as classes mais baixas da sociedade, contudo, hoje em dia, com os avanços tecnológicos, principalmente da internet, ler um livro é algo muito mais simples do que era há vinte ou trinta anos atrás. Podemos encontrar livros a qualquer hora na web e mesmo os livros não digitais estão a cada dia se tornando mais acessíveis, mesmo que em sua grande maioria ainda sejam caros.
O problema é que a maioria das pessoas ainda acha que comprar livros é jogar dinheiro fora, que passar alguns minutos por dia lendo é perda de tempo. Elas ainda dão mais valor ao supérfluo que ao próprio intelecto. E é justamente essa falta de cultura literária que faz com que aprender a própria língua seja algo tão complexo.
Se o aluno lê constantemente (não importa o que ele esteja lendo), ele terá bases que nem mesmo o ensino contextualizado da gramática poderá lhe fornecer.
O aluno que lê com frequência, além de se portar de forma diferente na sala de aula, saberá adequar a sua fala de acordo com a situação em que estiver, conseguirá conversar sobre assuntos variados com mais segurança, escreverá com maior facilidade e fluidez (mesmo que desconheça as regras gramaticais), terá a capacidade de compreender mais rapidamente e com mais facilidade os conteúdos e não apenas os de Língua Portuguesa, além é claro de possuir um vocabulário bem maior do que um aluno que não tem esse hábito.
Assim sendo o ensino do Português na sala de aula deveria, deve e sempre deverá estar ligado, além da contextualização da gramática e da aplicação de suas regras na escrita, com o incentivo a prática de leitura, pois dessa maneira o aluno não fica detido apenas ao que ele vê na escola, mas também ao que ele encontra extra sala de aula, ampliando a sua compreensão daquilo que ele encontra dentro dela. A leitura além de levá-lo a lugares inimagináveis, fará com que ele compreenda melhor a própria língua e ainda mais, o tornará um cidadão melhor, mais compreensivo e crítico, com plena consciência de seus deveres e direitos para com a sociedade.
Raul G. M. Silva
Bolsista PIBID - CAPS
6º período de Letras.
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